RESUMO
O objetivo do estudo foi verificar se os usuários do Sistema Municipal de Saúde de Criciúma têm acesso aos medicamentos prescritos em Unidades de Saúde, bem como a análise das justificativas e orientações disponibilizadas pelos profissionais em casos de indisponibilidade de medicamentos. A pesquisa foi realizada em 20 unidades de saúde e foram entrevistados 30 usuários por unidade. Além da entrevista estruturada, foi realizada análise das prescrições e observação do processo de dispensação de medicamentos, incluindo as justificativas apresentadas ao usuário em casos de indisponibilidade de medicamentos. Foram coletadas 739 prescrições com média de 1,2 prescrições por pessoa. Ao todo foram prescritos 1.241 medicamentos, sendo em média 2,07 medicamentos por prescrição. Destes, 77,4% foram prescritos pelo nome genérico. Diferentes profissionais dispensaram medicamentos e em 54,67% dos casos esta atividade foi realizada pelo técnico de enfermagem, seguido de 11,33% pelo enfermeiro e 10,50% pelo farmacêutico. Os agentes comunitários de saúde realizaram 9,83% das dispensações observadas. Do total de medicamentos prescritos, 46,2% não estavam disponíveis. Dos 46,2%, 243 eram medicamentos não padronizados pela Relação Nacional de Medicamentos Excepcionais. Para as situações em que o medicamento não estava disponível, 43,3% das justificativas apresentadas pelos profissionais foram incorretas. Em 61,1% dos casos o paciente não recebeu nenhum encaminhamento sobre como poderia ter acesso ao medicamento prescrito, sendo que destes, 80,3% teriam acesso ao medicamento se encaminhados a outro serviço de saúde da rede municipal. Dos entrevistados que receberam encaminhamentos, 8,3% a informação repassada foi inadequada. Os resultados apontam para a existência de dificuldades de acesso aos medicamentos. Dentre as situações que dificultaram o acesso, houve a indisponibilidade do medicamento por falhas no gerenciamento dos estoques, a existência de medicamentos prescritos fora da padronização, desinformação, por parte dos profissionais de saúde sobre os medicamentos disponibilizados e a falta de organização da Assistência Farmacêutica Municipal.
The objective of the study was verify whether the users of the Municipal Health System in Criciúma have access to prescription drugs in health centers, as well as analysis of the justifications and guidelines provided by professionals in cases of unavailability of drugs. The survey was conducted in 20 health centers and were interviewed 30 users per center. Besides the structured interview, we analyzed requirements and observe the process of dispensing drugs, including the justifications presented to the user in case of unavailability of medicines. 739 drug prescriptions were collected with of mean of 1.2 prescriptions per person. Altogether 1.241 were prescribed medications, averaging 2.07 per prescription. Of these, 77.4% were prescribed by generic name. Different professionals dispensed drugs and 54.67% of the cases this activity was carried out by nursing technician, followed by the nurse 11.33% and 10.50% by the pharmacist. The community health workers held 9.83% of dispensations observed. Of total prescription drugs, 46.2% was not available. Of 46.2%, 243 drugs were not standardized by the National List of Exceptional Medicines. For situations in which the drug was not available, 43.3% of the justifications given by the professionals were incorrect. In 61.1% of cases the patient received no referral could have on access to the drug prescribed, and of these, 80.3% had access to medication is forwarded to another service municipal health. Of the respondents who received a referral, 8.3% passed the information was inadequate. The results point to the existence of difficulties in access to medicines. Among the situations that hindered access, was the unavailability of medicine by failures in the management of inventories, the existence of prescription drugs outside of standardization, misinformation on the part of health professionals about the drugs available and the lack of organization of the Pharmaceutical Assistance Municipal.