RESUMO
Histórico: A disfunção do nervo facial pode ocorrer imediatamenteapós a cirurgia de schwanoma vestibular ou mais raramente,horas ou dias depois da operação. Atualmente, a monitoraçãoneurofisiológica intra-operatória é uma ferramenta importante para prevenir tal lesão nas intervenções do ângulo ponto-cerebelar. Descrição do caso: Paciente masculino, 70 anos, com diminuição da acuidade auditiva esquerda e zumbidohá 3 anos. A ressonância magnética (RM) demonstrou lesão isointensa, hipercaptante de 30mm no ângulo ponto-cerebelar esquerdo, com uma pequena porção intracanalicular. O paciente foi operado por via suboccipital retrosigmóide, com monitorização intraoperatória do nervo facial por eletroneuromiografia.A remoção cirúrgica foi macroscopicamente completa. O nervo facial foi bem preservado durante o procedimento e ao término apresentava atividade elétrica normal. O paciente teve boa evolução e recebeu alta no 4º dia pós-operatório com a função do nervo facial normal (House-Brackmann grau I). No 10º dia pós-operatório iniciou com dificuldade de fechar o olho esquerdo, até paralisia completa do nervo facial (House-Brackmann grau III). O tratamento com corticóide foi realizado por 5 dias associado àfisioterapia. Em um mês houve recuperação completa da paralisia e após seis meses, o paciente estava assintomático e neurologicamenteintacto. A RM realizada no 16º dia pós-operatórioapresentou aumento de sinal em segmento do nervo facial e ausência de resíduos tumorais. O estudo imunológico no pós-operatório mostrou títulos normais de anticorpos séricos contra o vírus herpes simples e herpes zoster. Conclusões: A paralisia facial tardia é um fenômeno raro, pouco relatado e conseqüentemente pouco conhecido na prática neurocirúrgica. Considerando os altos índices de recuperação da lesão do nervo facial, não se deve indicar precocemente o tratamento cirúrgico.