RESUMEN
Racional - Existe muita controvérsia científica quanto ao poder da pressão pelo pneumoperitônio na disseminação de células tumorais, quer para os portais de acesso nas operações laparoscópicas, quer na do próprio peritônio parietal e/ou visceral. Objetivo - Avaliar a relação entre contaminação do trocarte com células tumorais, aerolização de células tumorais, e implante tumoral em feridas da parede abdominal com o aumento da pressão intra-abdominal durante uma intervenção cirúrgica por via laparoscópica. Material e Método - Sessenta hamsters foram submetidos à laparotomia com posicionamento de dois trocártes de 5 mm no abdomen, seguidos da instilação de células de adenocarcinoma humano na cavidade abdominal. Os animais foram divididos em 3 grupos, de acordo com o nível de pressão intra-abdominal: 10,5 e 0 mmHg. O gaz intra-abdominal era liberado da cavidade abdominal através de um filtro localizado no trocarte direito para identificação de células tumorais aerolizadas. Os trocártes, após o término da operação, eram lavados em solução salina, para identificação de células tumorais. Os animais foram sacrificados após 15 dias, realizando-se estudo histopatológico das feridas abdominais. Resultados - A elevação da pressão intra-abdominal aumentou significativamente a contaminação instrumental e o implante tumoral nas feridas abdominais. O nível de pressão intra-abdominal não teve efeito no número de células tumorais aerolizadas. Conclusão - O aumento da pressão do processo perioperatório aumenta a implantação de células tumorais. Abordagem laparoscópica com baixa pressão intra-abdominal diminui a possibilidade de implantes tumorais.