RESUMEN
Esta pesquisa retrata uma experiência etnográfica sobre o consumo de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos fornecidos por uma farmácia pública aos moradores de uma área formada por três bairros da cidade de Ribeirão Preto SP. Esta área era formada por casas populares, casas luxuosas e por uma favela, sendo coberta pela Estratégia de Saúde da Família, com a exceção de uma parte das casas populares, a qual era formada pelas casas COHAB (Companhia Habitacional). O bairro com as casas luxuosas foi incluído somente na observação participante e na fotografia. Os motivos do consumo destes medicamentos, investigados com entrevistas abertas, observação participante, diário de campo e fotografia, são justificados através de uma remodelação e reorganização de espaços entre os moradores destes bairros, marcados por desigualdades sociais, de gênero e pela busca de diferenciação, numa hierarquia classificada entre o ideal e o indesejado através do curso de vida dos moradores. A seleção dos entrevistados foi realizada a partir dos dados da dispensação dos medicamentos psicoativos pela farmácia pública fornecedora, a qual também estava incluída na experiência etnográfica, tendo sido a dispensação dos medicamentos incluída na observação participante. O consumo de medicamentos psicoativos foi analisado a partir da ótica de seus consumidores, revelando que estariam contribuindo para perpetuar os papéis sociais frente à dinâmica social, como os relacionados ao gênero e à classe social. A pesquisa revela uma associação entre vida cotidiana e consumo de medicamentos psicoativos, destoante de um produzir saúde, esperado da relação entre serviços de saúde e população, e de uma associação entre doença e uso de medicamentos. Aprofundar questões sociais sobre o consumo de medicamentos em grupos populares poderá evitar seu uso abusivo com a função de produzir um corpo explorado quimicamente por se estender seus limites de produção, aprofundando e silenciando desigualdades sociais. O consumo de medicamentos psicoativos deve ser analisado com cautela, devendo seu consumo ser problematizado.
Asunto(s)
Ansiolíticos , Antidepresivos , Servicios de Salud , Preparaciones Farmacéuticas/economía , Preparaciones Farmacéuticas/provisión & distribución , Utilización de Medicamentos/economíaRESUMEN
Investigamos neste estudo a interação entre gênero, envelhecimento e consumo particularizado de calmantes (benzodiazepínicos), procurando entender como, dentro do processo de medicalização da sociedade, essa interação interfere nos modos de utilizar e nas concepções sobre os calmantes e como são (re)significados pelas consumidoras. No estudo, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 18 mulheres idosas, que a partir de uma análise qualitativa foram interpretadas, à luz dos enfoques teóricos de gênero, transição de idades e medicalização. Essas mulheres eram pertencentes a classes populares da cidade de Ribeirão Preto-SP, pacientes psiquiátricas do serviço público ambulatorial do Núcleo de Saúde Mental, vinculado ao Centro de Saúde Escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Observamos que o consumo de calmantes é intensificado entre as mulheres idosas, que passam a tratar conflitos e questões cotidianas por meio do uso de medicamentos. As mulheres idosas, com experiência de freqüência dos serviços de saúde, entre eles os psiquiátricos, durante vários anos, conseguem incorporar conhecimentos e experiências sobre o uso dos calmantes, promovendo a sua difusão no meio social.
Asunto(s)
Humanos , Femenino , Ansiolíticos/uso terapéutico , Envejecimiento , Identidad de Género , Anciano , BrasilAsunto(s)
Humanos , Masculino , Femenino , Anciano , Envejecimiento , Antropología , Identidad de Género , Medicina Tradicional , Automedicación , Controles Informales de la SociedadRESUMEN
O consumo de calmantes alopáticos (benzodiazepínicos) possui dimensão social e cultural, e não está restrito a uma relação entre médico e paciente. Objetivamos mostrar, portanto, que o consumo de calmantes é particularizado de acordo com os contextos social e cultural em que seus consumidores estão envolvidos. Buscamos então, utilizando abordagem qualitativa com entrevistas semi-estruturadas, as concepções sobre calmantes alopáticos de 18 mulheres idosas, pacientes psiquiátricas do Núcleo de Saúde Mental do Centro Saúde Escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), da cidade de Ribeirão Preto-SP, Brasil, consumidoras de benzodiazepínicos há mais de um ano. Concluímos que o consumo de calmantes está envolvido em uma rede de relações sociais, enredando vizinhos, parentes e amigos. As mulheres entrevistadas mostraram ter autonomia e conhecimento sobre o uso dos calmantes, sentindo-se capazes de utilizar, indicar, oferecer, emprestar, ou não, esses medicamentos, de acordo com suas concepções.
The consumption of allopathic tranquilizers (benzodiazepines) has social and cultural dimensions, not being restricted to a relation between physician and patient. Therefore, we aimed to show that the consumption of tranquilizers is particularized according to the social and cultural contexts their consumers are involved in. Using a qualitative approach with semistructured interviews, we search for conceptions about allopathic tranquilizers in 18 elderly women, psychiatric patients attended to in the Mental Health Centre of the Health Teaching Centre at the, University of São Paulo at Ribeirão Preto Medical School, (FMRP-USP), in the city of Ribeirão Preto (SP), Brazil, who were consumers of benzodiazepines for more than one year. We concluded that the consumption of tranquilizers is entangled in a network of social relations, including neighbors, relatives and friends. The interviewed women showed to have autonomy, feeling able to use, indicate, offer and lend, or not, these medicines, according to their conceptions.
El consumo de calmantes alopáticos (benzodiazepinas) posee dimensión social y cultural, y no está restricto a una relación entre médico y paciente. Objetivamos mostrar, por tanto, que el consumo de calmantes es particularizado de acuerdo con los contextos social y cultural en que sus consumidores están envueltos. Investigamos entonces, utilizando aproximación cualitativa con entrevistas semi-estructuradas, las concepciones sobre calmantes alopáticos de 18 mujeres ancianas, pacientes psiquiátricas del Núcleo de Salud Mental del Centro de Salud Escuela de la Facultad de Medicina de Ribeirão Preto de la Universidad de São Paulo (FMRP-USP), ubicado en la ciudad de Ribeirão Preto-SP, Brasil, consumidoras de benzodiazepinas desde hace más de un año. Concluimos que el consumo de calmantes está involucrado en una red de relaciones sociales, enmarañando vecinos, parientes y amigos. Las mujeres entrevistadas mostraron tener autonomía y conocimiento sobre el uso de los calmantes, sintiéndose capaces de utilizar, indicar, ofrecer, prestar, o no, esos medicamentos, de acuerdo con sus concepciones.
Asunto(s)
Humanos , Femenino , Persona de Mediana Edad , Anciano , Ansiolíticos/uso terapéutico , Benzodiazepinas/uso terapéutico , Ansiolíticos/administración & dosificación , Actitud , Benzodiazepinas/administración & dosificación , Brasil , Fertilización , Entrevistas como Asunto , Servicios de Salud Mental , Autonomía Personal , Relaciones Médico-Paciente , Rol , Factores de TiempoRESUMEN
Os benzodiazepínicos estão entre os medicamentos mais consumidos, principalmente por mulheres idosas. Através de entrevistas semi-estruturadas com dezoito mulheres idosas, pacientes psiquiátricos do Núcleo de Saúde Mental do Centro Saúde Escola da FMRP-USP, objetivou-se mostrar suas concepções sobre benzodiazepínicos e a interação de fatores biológicos, sociais e culturais envolvidos na dependência desses medicamentos. Conclui-se, de acordo com as concepções dadas pelas mulheres idosas entrevistadas, que o consumo e a dependência de benzodiazepínicos são singulares e não se restringem a uma relação biológica de seus efeitos, mas incluem a influência de fatores culturais e sociais (AU)
Asunto(s)
Humanos , Femenino , AncianoRESUMEN
The consumption of allopathic tranquilizers (benzodiazepines) has social and cultural dimensions, not being restricted to a relation between physician and patient. Therefore, we aimed to show that the consumption of tranquilizers is particularized according to the social and cultural contexts their consumers are involved in. Using a qualitative approach with semistructured interviews, we search for conceptions about allopathic tranquilizers in 18 elderly women, psychiatric patients attended to in the Mental Health Centre of the Health Teaching Centre at the, University of São Paulo at Ribeirão Preto Medical School, (FMRP-USP), in the city of Ribeirão Preto (SP), Brazil, who were consumers of benzodiazepines for more than one year. We concluded that the consumption of tranquilizers is entangled in a network of social relations, including neighbors, relatives and friends. The interviewed women showed to have autonomy, feeling able to use, indicate, offer and lend, or not, these medicines, according to their conceptions.