RESUMEN
The present article aims to bridge the gaps or deepen the debate to discuss the relationship between homoparenthood and health. This essay is anchored in specific literature. We seek to work on the following questions throughout the text: (i) How is the central theme of this discussion historically outlined? (ii) How does homoparenthood appear in scientific health production in general? (iii) What sociopolitical dimensions emerge around homoparenthood-health relationships? and (iv) What are the limitations and possibilities for exercising reproductive rights between same-sex couples? Among the conclusions, we underscore the challenge of facing the strangeness of homoparenthood against the idea of the so-called called "normal" family based on heteronormative logic. Even in countries with some legal apparatus assuring the rights to homoparental families, their members suffer prejudice, discrimination, and violence.
Buscando preencher lacunas e/ou aprofundar o debate, o artigo objetiva problematizar aspectos que envolvem as relações entre homoparentalidade e saúde. O desenho metodológico é o de ensaio, ancorado em literatura específica. Ao longo do texto procura-se trabalhar as seguintes questões: (i) Como se esboça historicamente a temática central desta discussão? (ii) Como se afigura a homoparentalidade no campo da produção científica da saúde em geral? (iii) Quais dimensões sociopolíticas emergem em torno das relações homoparentalidade-saúde? e (iv) Quais são os limites e as possibilidades para o exercício dos direitos reprodutivos entre casais homoafetivos? Dentre as conclusões, destaca-se o desafio de se enfrentar o estranhamento da temática homoparentalidade para a ideia da família denominada de "normal", configurada a partir da lógica heteronormativa. Mesmo nos países em que há algum aparato jurídico que garanta direitos às famílias homoparentais, seus integrantes são alvo de preconceitos, discriminações e violências.
Asunto(s)
Derechos Sexuales y Reproductivos , Humanos , Homosexualidad , Prejuicio , Familia/psicologíaRESUMEN
Mar González is a psychologist and one of the pioneers in studies on LGB-parent families in Spain. Her research work from the 2000s onwards played an essential role in the parliamentary debate in the country, which culminated in the approval of same-sex marriage in 2005. Spain, a Catholic-majority country that had left the Franco dictatorship three decades earlier, was the third country in the world, after Belgium and Netherlands, to recognize the right of gay and lesbian people to unite. Her studies address unconventional families, family diversity, child and family development, and their relationship with education and health. Our conversation addressed LBG parenthood, the establishment of filiation rights for this social group, studies on these family configurations, and leading LGB parenthood health implications.
Mar González é psicóloga e foi uma das pioneiras nos estudos sobre a homoparentalidade na Espanha. Suas pesquisas, a partir dos anos 2000, tiveram papel relevante no debate parlamentar no país, que culminou com a aprovação do casamento homossexual em 2015. A Espanha, um país de maioria católica que havia deixado a ditadura franquista três décadas antes, foi o terceiro país no mundo, depois de Bélgica e Holanda, a reconhecer o direito de união da população homossexual. Seus estudos versam sobre famílias não convencionais, diversidade familiar, desenvolvimento infantil e familiar e sua relação com educação e saúde. Nossa conversa tratou do tema da homoparentalidade, do estabelecimento dos direitos de filiação para esse grupo social, dos estudos sobre essas configurações familiares e as principais implicações da homoparentalidade para a saúde.
Asunto(s)
Minorías Sexuales y de Género , Humanos , España , Derechos Humanos , Padres/psicología , Femenino , Masculino , Homosexualidad Femenina , Familia/psicologíaRESUMEN
Resumo Mar González é psicóloga e foi uma das pioneiras nos estudos sobre a homoparentalidade na Espanha. Suas pesquisas, a partir dos anos 2000, tiveram papel relevante no debate parlamentar no país, que culminou com a aprovação do casamento homossexual em 2015. A Espanha, um país de maioria católica que havia deixado a ditadura franquista três décadas antes, foi o terceiro país no mundo, depois de Bélgica e Holanda, a reconhecer o direito de união da população homossexual. Seus estudos versam sobre famílias não convencionais, diversidade familiar, desenvolvimento infantil e familiar e sua relação com educação e saúde. Nossa conversa tratou do tema da homoparentalidade, do estabelecimento dos direitos de filiação para esse grupo social, dos estudos sobre essas configurações familiares e as principais implicações da homoparentalidade para a saúde.
Abstract Mar González is a psychologist and one of the pioneers in studies on LGB-parent families in Spain. Her research work from the 2000s onwards played an essential role in the parliamentary debate in the country, which culminated in the approval of same-sex marriage in 2005. Spain, a Catholic-majority country that had left the Franco dictatorship three decades earlier, was the third country in the world, after Belgium and Netherlands, to recognize the right of gay and lesbian people to unite. Her studies address unconventional families, family diversity, child and family development, and their relationship with education and health. Our conversation addressed LBG parenthood, the establishment of filiation rights for this social group, studies on these family configurations, and leading LGB parenthood health implications.
RESUMEN
Resumo Buscando preencher lacunas e/ou aprofundar o debate, o artigo objetiva problematizar aspectos que envolvem as relações entre homoparentalidade e saúde. O desenho metodológico é o de ensaio, ancorado em literatura específica. Ao longo do texto procura-se trabalhar as seguintes questões: (i) Como se esboça historicamente a temática central desta discussão? (ii) Como se afigura a homoparentalidade no campo da produção científica da saúde em geral? (iii) Quais dimensões sociopolíticas emergem em torno das relações homoparentalidade-saúde? e (iv) Quais são os limites e as possibilidades para o exercício dos direitos reprodutivos entre casais homoafetivos? Dentre as conclusões, destaca-se o desafio de se enfrentar o estranhamento da temática homoparentalidade para a ideia da família denominada de "normal", configurada a partir da lógica heteronormativa. Mesmo nos países em que há algum aparato jurídico que garanta direitos às famílias homoparentais, seus integrantes são alvo de preconceitos, discriminações e violências.
Abstract The present article aims to bridge the gaps or deepen the debate to discuss the relationship between homoparenthood and health. This essay is anchored in specific literature. We seek to work on the following questions throughout the text: (i) How is the central theme of this discussion historically outlined? (ii) How does homoparenthood appear in scientific health production in general? (iii) What sociopolitical dimensions emerge around homoparenthood-health relationships? and (iv) What are the limitations and possibilities for exercising reproductive rights between same-sex couples? Among the conclusions, we underscore the challenge of facing the strangeness of homoparenthood against the idea of the so-called called "normal" family based on heteronormative logic. Even in countries with some legal apparatus assuring the rights to homoparental families, their members suffer prejudice, discrimination, and violence.
RESUMEN
O conhecimento e o desenvolvimento de habilidades relacionadas à abordagem de gênero na formação médica são fundamentais para o exercício do cuidado integral. Enfocamos o ensino dos temas gênero e sexualidade na graduação de um curso de Medicina sob a perspectiva docente. A pesquisa de natureza qualitativa utilizou a entrevista semiestruturada para construção dos dados empíricos. Em 2022, foram realizadas 16 entrevistas com responsáveis por disciplinas/unidades curriculares de diversas especialidades médicas de um curso de graduação em Medicina no estado de São Paulo. Apesar do reconhecimento da importância na formação, vigora ainda uma abordagem biomédica e/ou patológica das temáticas de gênero e sexualidade no currículo. Como dificuldades, destaca-se o reconhecimento da questão geracional pela falta de habilidade para lidar com os temas e a pouca interação entre especialidades médicas.(AU)
Including the development of knowledge and skills related to the gender approach in medical training is essential for the delivery of comprehensive care. This study focuses on the teaching of gender and sexuality on a medical degree program from the perspective of teachers. We conducted a qualitative study using semi-structured interviews to collect empirical data. Sixteen interviews were conducted in 2022 with teachers responsible for subjects/modules in medical specialties on a medical degree program in the state of São Paulo. Despite the recognition given to the importance of teaching gender and sexuality in medical training, a biomedical and/or disease-based approach to these topics prevails in the curriculum. Challenges include generational issues, including the lack of skills needed to deal with these topics, and limited interaction between medical specialties.(AU)
El conocimiento y el desarrollo de habilidades relacionadas al abordaje de género en la formación médica son fundamentales para el ejercicio del cuidado integral. Enfocamos la enseñanza de los temas género y sexualidad en la graduación de un curso de medicina bajo la perspectiva docente. La investigación de naturaleza cualitativa utilizó la entrevista semiestructurada para la construcción de los datos empíricos. En 2022, se realizaron dieciséis (16) entrevistas con responsables por disciplinas/unidades curriculares de diversas especialidades médicas de un curso de graduación en medicina en el Estado de São Paulo. A pesar del reconocimiento de la importancia en la formación, vigora todavía un abordaje biomédico y/o patológico de las temáticas de género y sexualidad en el currículo. Como dificultad se destaca el reconocimiento de la cuestión generacional por la falta de habilidad para enfrentar los temas y la poca interacción entre especialidades médicas.(AU)
RESUMEN
Resumo O artigo tem como objetivo discutir a questão da diversidade a partir da sua incorporação na formação dos profissionais de saúde por meio da análise das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de dois cursos de graduação na área da saúde no Brasil: medicina e psicologia. Para isso, problematiza a questão da diversidade a partir da contribuição das ciências sociais, ao considerar as múltiplas noções presentes na natureza das diferenças sociais e culturais, rompendo com conceitos essencialistas de diferença. Reflete-se sobre como a diversidade está presente nas diretrizes curriculares desses cursos e, a partir de trabalhos recentes, analisa-se como a diversidade tem sido contemplada na formação, bem como os principais desafios colocados. A interseccionalidade é considerada um referencial teórico político importante para apreender a articulação de múltiplas diferenças e desigualdades que atuam de forma dinâmica, fluida e flexível a partir de contextos históricos particulares, sendo nesse sentido sensível para abordar a questão da diversidade na formação dos profissionais de saúde. Destaca-se a importância de realizar uma análise das diferenças, sugerindo um quadro analítico que articule discursos e práticas, formas de subjetivação e relações sociais.
Abstract This paper aims to discuss the issue of diversity from its incorporation into the training of health professionals through the analysis of the National Curriculum Guidelines (DCN) of two Brazilian undergraduate health courses: medicine and psychology. Thus, it debates the concept of diversity from the contribution of the social sciences, considering the multiple concepts in the nature of social and cultural differences, breaking with essentialist concepts of difference. Reflecting on how diversity appears in the curricular guidelines of these courses, it analyzes from recent studies how this has been considered in training and the main challenges. Intersectionality is an essential political theoretical framework to apprehend the articulation of multiple differences and inequalities acting in a dynamic, fluid, and flexible way from particular historical contexts. Thus, it is sensitive to address the issue of diversity in the training of health professionals. We highlight the importance of studying differences, suggesting an analytical framework that articulates discourses, practice, subjectivation, and social relationships.
RESUMEN
This paper aims to discuss the issue of diversity from its incorporation into the training of health professionals through the analysis of the National Curriculum Guidelines (DCN) of two Brazilian undergraduate health courses: medicine and psychology. Thus, it debates the concept of diversity from the contribution of the social sciences, considering the multiple concepts in the nature of social and cultural differences, breaking with essentialist concepts of difference. Reflecting on how diversity appears in the curricular guidelines of these courses, it analyzes from recent studies how this has been considered in training and the main challenges. Intersectionality is an essential political theoretical framework to apprehend the articulation of multiple differences and inequalities acting in a dynamic, fluid, and flexible way from particular historical contexts. Thus, it is sensitive to address the issue of diversity in the training of health professionals. We highlight the importance of studying differences, suggesting an analytical framework that articulates discourses, practice, subjectivation, and social relationships.
O artigo tem como objetivo discutir a questão da diversidade a partir da sua incorporação na formação dos profissionais de saúde por meio da análise das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de dois cursos de graduação na área da saúde no Brasil: medicina e psicologia. Para isso, problematiza a questão da diversidade a partir da contribuição das ciências sociais, ao considerar as múltiplas noções presentes na natureza das diferenças sociais e culturais, rompendo com conceitos essencialistas de diferença. Reflete-se sobre como a diversidade está presente nas diretrizes curriculares desses cursos e, a partir de trabalhos recentes, analisa-se como a diversidade tem sido contemplada na formação, bem como os principais desafios colocados. A interseccionalidade é considerada um referencial teórico político importante para apreender a articulação de múltiplas diferenças e desigualdades que atuam de forma dinâmica, fluida e flexível a partir de contextos históricos particulares, sendo nesse sentido sensível para abordar a questão da diversidade na formação dos profissionais de saúde. Destaca-se a importância de realizar uma análise das diferenças, sugerindo um quadro analítico que articule discursos e práticas, formas de subjetivação e relações sociais.
Asunto(s)
Curriculum , Brasil , HumanosRESUMEN
Transgender people deal with intense discrimination in every aspect of life. These experiences increase when they face family rejection. The research on social and family environment surrounding gender transition has been largely overlooked. We examine the meanings of family and health, and how these intersect, among trans people and their family members in a health service in Brazil. We conducted a qualitative study (between December 2017 and July 2018), an ethnography with the triangulation of three sources: interviews with 8 transgender men, 8 transgender women and 5 family members; a focus group with another 8 transgender men and approximately 100 h of field observation. Our study shows that family and health are interpreted as ideal protective environments, and seen as causes of disappointment, abandonment and illness. The meanings of family and health are interconnected and constituted in relation to each other. We also found that there are differences within these meanings of family and health when we consider the ethnicity and the economic status of the participants. The participants reported that the society education towards transsexuality is fundamental to improving trans people's quality of life. Our results challenge health services to provide comprehensive healthcare and assure health equity for transgender people.
Asunto(s)
Familia , Estado de Salud , Rechazo en Psicología , Personas Transgénero , Brasil , Familia/psicología , Femenino , Servicios de Salud para las Personas Transgénero , Humanos , Masculino , Investigación Cualitativa , Personas Transgénero/psicología , Personas Transgénero/estadística & datos numéricosRESUMEN
The purpose of this research was to investigate the body in old age and its relationships with falls. It was based on the assumption that the body is a historical, social and cultural construction, and that the idea of old age has been replaced by the idea of third age. Falls are considered a complex event with serious consequences for the elderly. The objective of the study was to investigate the experience of the body at old age and its relationships with falls. Using a qualitative method, semi-structured interviews were conducted with 15 individuals, 68 to 75 years old, with or without history of falls, who attended a geriatric outpatient clinic at a hospital autarchy in the city of São Paulo, from September 2017 to June 2018. The interviews were transcribed and an analysis of their content was made. The results showed a body which is experienced as the expression of an essence that is desired and is projected as a young one and falling becomes a reflection of old age and the exposure of a failure. The body experience does not seem to interfere directly with the risk of falls. However, its comprehension, as well as the representation of falls in old age, provides support to a preventive approach to this event.
Esta pesquisa teve como enfoque investigar o corpo na velhice e suas relações com a queda. Partiu-se do pressuposto do corpo como uma construção histórica, social e cultural e da velhice substituída pela ideia da terceira idade. A queda é considerada um evento complexo com consequências graves para a pessoa idosa. O objetivo do estudo foi investigar a vivência do corpo na velhice e sua relação com as quedas. A pesquisa de natureza qualitativa realizou entrevistas semiestruturadas com 14 indivíduos entre 68 e 75 anos com ou sem história de quedas e que frequentavam um ambulatório de geriatria de uma autarquia hospitalar na cidade de São Paulo, entre setembro de 2017 e junho de 2018. As entrevistas foram transcritas e foi feita análise de conteúdo do material. Os resultados indicaram que o corpo é vivido como expressão de uma essência que se deseja e se projeta como jovem e cair torna-se um reflexo da velhice e a exposição de uma falha. A vivência de corpo não parece interferir diretamente sobre o risco para a queda, no entanto, sua compreensão, bem como a representação da queda na velhice, fornecem subsídios para uma abordagem preventiva em relação a esse evento.
Asunto(s)
Comprensión , Narración , Anciano , Brasil , HumanosRESUMEN
Resumo Esta pesquisa teve como enfoque investigar o corpo na velhice e suas relações com a queda. Partiu-se do pressuposto do corpo como uma construção histórica, social e cultural e da velhice substituída pela ideia da terceira idade. A queda é considerada um evento complexo com consequências graves para a pessoa idosa. O objetivo do estudo foi investigar a vivência do corpo na velhice e sua relação com as quedas. A pesquisa de natureza qualitativa realizou entrevistas semiestruturadas com 14 indivíduos entre 68 e 75 anos com ou sem história de quedas e que frequentavam um ambulatório de geriatria de uma autarquia hospitalar na cidade de São Paulo, entre setembro de 2017 e junho de 2018. As entrevistas foram transcritas e foi feita análise de conteúdo do material. Os resultados indicaram que o corpo é vivido como expressão de uma essência que se deseja e se projeta como jovem e cair torna-se um reflexo da velhice e a exposição de uma falha. A vivência de corpo não parece interferir diretamente sobre o risco para a queda, no entanto, sua compreensão, bem como a representação da queda na velhice, fornecem subsídios para uma abordagem preventiva em relação a esse evento.
Abstract The purpose of this research was to investigate the body in old age and its relationships with falls. It was based on the assumption that the body is a historical, social and cultural construction, and that the idea of old age has been replaced by the idea of third age. Falls are considered a complex event with serious consequences for the elderly. The objective of the study was to investigate the experience of the body at old age and its relationships with falls. Using a qualitative method, semi-structured interviews were conducted with 15 individuals, 68 to 75 years old, with or without history of falls, who attended a geriatric outpatient clinic at a hospital autarchy in the city of São Paulo, from September 2017 to June 2018. The interviews were transcribed and an analysis of their content was made. The results showed a body which is experienced as the expression of an essence that is desired and is projected as a young one and falling becomes a reflection of old age and the exposure of a failure. The body experience does not seem to interfere directly with the risk of falls. However, its comprehension, as well as the representation of falls in old age, provides support to a preventive approach to this event.
Asunto(s)
Humanos , Anciano , Narración , Comprensión , BrasilRESUMEN
A pandemia de Covid-19 traz desafios aos governos e às sociedades. Os efeitos da pandemia nas regiões marcadas por extrema desigualdade social e nas populações com maior vulnerabilidade e precariedade das condições de vida são deletérios, o que demanda referenciais teórico-metodológicos para compreender seus impactos e construir estratégias para enfrentá-la. Nesse ensaio crítico, aborda-se a interconexão de marcadores sociais da diferença na produção das desigualdades que atingem os grupos sociais já marginalizados - como usuários de drogas em situação de rua, trabalhadoras sexuais, trabalhadoras domésticas e jovens LGBTQIA+ - e analisam-se as potencialidades da perspectiva interseccional nas análises e na construção política do enfrentamento do problema. (AU)
The Covid-19 pandemic poses a number of challenges to governments and society. The pandemic has detrimental effects on regions characterized by deep social inequality and the most vulnerable populations, leading to the need for theoretical and methodological frameworks to help understand its impacts and build strategies to address them. This critical essay addresses the interconnection between social markers of the difference in the production of the inequalities that affect marginalized social groups, such as homeless drug users, sex workers, domestic workers and the young LGBTQIA+ community, and analyzes the strengths of the intersectional perspective for the analysis of problems and construction of policies to tackle them. (AU)
La pandemia de Covid-19 presenta desafíos a los gobiernos y a las sociedades. Los efectos de la pandemia en regiones señaladas por extrema desigualdad social y en las poblaciones con mayor vulnerabilidad y precariedad de las condiciones de vida son perniciosos, lo que demanda factores referenciales teórico-metodológicos para comprender sus impactos y construir estrategias para enfrentarla. En este ensayo crítico se abordan la interconexión de marcadores sociales de la diferencia en la producción de las desigualdades que afectan a los grupos sociales ya marginalizados, como usuarios de drogas en situación de vivir en la calle, trabajadoras sexuales, trabajadoras domésticas y jóvenes LGBTQIA+, y se analizan las potencialidades de la perspectiva interseccional en los análisis y en la construcción política del enfrentamiento del problema. (AU)
Asunto(s)
Personas con Mala Vivienda , Poblaciones Vulnerables , COVID-19/epidemiología , Trabajo Sexual , Brasil , Minorías Sexuales y de GéneroRESUMEN
Resumo: Introdução: A medicina como área de conhecimento e prática tem invisibilizado a importância de gênero como categoria teórica na formação médica, bem como os impactos das diferenças e desigualdades de gênero expressas no contexto da prática clínica. Gênero é reconhecido como um aspecto crucial na educação médica, principalmente no sentido de promover a qualidade da assistência à saúde, considerando as diferenças de gênero nos sintomas, os fatores de risco da doença e o plano de assistência estabelecido no contexto da relação terapêutica. Objetivo: Com base nesse pressuposto, foi realizada pesquisa sobre a percepção da formação recebida sobre gênero no contexto da graduação e especialização médica de residentes em ginecologia e obstetrícia e medicina de família e comunidade de duas escolas públicas do município de São Paulo. Método: A pesquisa de abordagem qualitativa utilizou a técnica de entrevista em profundidade. Em 2016, 13 residentes de ambas as especialidades participaram da pesquisa, sendo sete de ginecologia e obstetrícia e seis de medicina de família e comunidade. O critério de inclusão era ser médico ou médica das residências em medicina de família e comunidade ou ginecologia e obstetrícia nas duas universidades públicas participantes do estudo. A fim de obter uma amostra não probabilística, utilizou-se a técnica de recrutamento em cadeia ou "bola de neve", na qual os(as) participantes do estudo indicam outros(as) participantes até que se atinja o ponto de saturação. Resultados: Apesar de diferenças identificadas entre os(as) participantes, segundo os programas de residência, em relação à abordagem de gênero na formação médica e às suas repercussões na prática clínica, com maior apropriação pelos residentes de medicina de família e comunidade, sobressaem lacunas importantes na formação e no âmbito da graduação e especialização. Conclusão: O conhecimento e o desenvolvimento de habilidades e técnicas baseadas em abordagem de gênero na formação médica são fundamentais para o exercício do cuidado integral que considera as conformações socioculturais dos(as) pacientes e suas implicações para o processo saúde-doença.
Abstract: Introduction: Medicine as an area of knowledge and practice has rendered invisible the importance of gender as an analytical category in medical education, as well as the impacts of gender differences and inequalities expressed in the context of clinical practice. Gender is recognized as a crucial aspect in medical education, mainly in the sense of promoting the quality of health care, considering gender differences in symptoms, risk factors for the disease and the care plan established in the context of the therapeutic relationship. Objective: Based on this assumption, qualitative design research was conducted on the perception of training received on gender in the context of undergraduate and medical specialization of residents in Gynecology and Obstetrics and Family and Community Medicine at two public schools in the city of São Paulo. Method: The research used the in-depth interview technique. In 2016, 13 residents of both specialities participated in the survey: seven from Gynecology and Obstetrics and six from Family and Community Medicine. The inclusion criterion was to be a doctor in a medical residency in Family and Community Medicine and Gynecology and Obstetrics at the two public universities participating in the study. The participants were accessed by the snowball recruitment technique, seeking a non-probabilistic sample, in which the study participants indicated other participants to the point of saturation. Results: Despite the differences identified among the participants, according to the residency programs, concerning the gender approach in medical training and its repercussions in clinical practice, with higher appropriation by residents of Family and Community Medicine, essential gaps in training stand out, within the scope of undergraduate training and specialization. Conclusion: Knowledge and the development of skills and techniques based on a gender approach in medical education are fundamental for the exercise of comprehensive care that considers the sociocultural conformations of patients and their implications for the health of the disease process.
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Femenino , Facultades de Medicina , Curriculum , Medicina Familiar y Comunitaria/educación , Estudios de Género , Ginecología/educación , Internado y Residencia , Encuestas y Cuestionarios , Investigación CualitativaRESUMEN
OBJECTIVE: The aim of this study was to analyze the application of assisted reproductive technologies (ART) in Brazil from the active clinics and the population served considering the changes in the last resolutions of the Federal Council of Medicine (CFM), which enabled the use of the techniques for anyone, regardless of their health insurance system, gender or marital status. METHODS: This paper was based on the analysis from the "Reproductive Technologies and (in) fertility study: regulation, market and rights". We used quantitative and qualitative methodologies. In this paper, we used the empirical data produced in the quantitative study. The quantitative online survey was carried out in 2016-2018, answered by 81 fertility clinics in Brazil about their performance in 2015-2016. We opted to use the REDCap Program, a web-based application for the construction and management of online surveys and databases. The questionnaire addressed the characteristics of services, practices performed, population served and existing forms of funding. RESULTS: The questionnaires returned corresponded to 63.1% of the clinics in the southeast region. ART is mainly offered by 90.1% private clinics. We report that 63.8% of establishments have up to 20 employees; 44.5% have been in operation between 11 and 20 years. 85.1% of the clinics reported having treated non-Brazilian residents. CONCLUSIONS: There has been a significant increase in the provision of ART in Brazil. Access remains thoroughly dependent on its own financial resources. The new CFM resolutions have shifted from the prevailing concept of "health care" to "assisting with new family configurations".
Asunto(s)
Accesibilidad a los Servicios de Salud , Infertilidad Femenina/terapia , Técnicas Reproductivas Asistidas , Brasil , Femenino , Humanos , Embarazo , Resultado del Embarazo , Encuestas y CuestionariosRESUMEN
Resumo A transexualidade é uma experiência identitária que emerge como resposta inevitável a uma forma de organizar a vida social e, consequentemente, o cuidado em saúde com base na produção de sujeitos. Objetivamos compreender como um contexto identitário trans mobiliza, na articulação com família e serviço de saúde, performances identitárias. Realizamos uma etnografia com entrevista semiestruturada e observação participante em um ambulatório especializado no cuidado trans-específico no Sistema Único de Saúde (SUS), entre dezembro de 2017 e julho de 2018. Durante o estudo, destacou-se a história de Marilda, por seu caráter emblemático ao narrar a transição de "homem homossexual" para "travesti" e, atualmente, para "mulher trans", em uma performance identitária que almeja o reconhecimento e o pertencimento familiar, bem como o acesso à saúde, à educação e a uma profissão distante da prostituição. Sua história permite compreender que as pessoas trans constroem significados diversos para suas vivências identitárias, com elementos que podem reiterar o binarismo e a heteronormatividade. Torna-se importante reconhecer, no âmbito da família e da saúde, que diferentes performances identitárias são possíveis e que seus sentidos poderão compor o cuidado integral em saúde de cada pessoa trans.
Abstract Transsexuality is an identity experience that emerges as an inevitable response to a way of organizing social life and, consequently, health care based on the production of subjects. We aim to understand how a certain trans identity context mobilizes identity performances, in articulation with family and health service. We performed an ethnography with a semi-structured interview and participant observation in a health service specialized in trans-specific care in the Brazilian National Health System (SUS), between December 2017 and July 2018. The story of Marilda was highlighted for being emblematic when narrating the transition from "homosexual man" to "transvestite" and, currently, to "trans woman," in an identity performance that aims for family recognition and belonging, access to health, education, and a profession other than prostitution. Her story allows us to understand that trans people construct different meanings for their identity experiences, with elements that can reiterate binarism and heteronormativity. It is important to recognize, within the family and health context, that different identity performances are possible and that their senses may compose the integral health care of each trans person.
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Transexualidad , Travestismo , Familia , Atención Integral de Salud , Antropología Cultural , Sistema Único de SaludRESUMEN
O aborto é um importante tema sob a perspectiva da saúde pública e permeia a prática de diversas especialidades. Enfocamos a assistência a processos de abortamento e sua relação com a formação recebida em Ginecologia e Obstetrícia (GO) e Medicina de Família e Comunidade (MFC) por residentes de duas faculdades públicas paulistas. A pesquisa seguiu a metodologia qualitativa, e a produção dos dados empíricos se norteou pela técnica de entrevista em profundidade (13 residentes). Os residentes em GO relatam pautar-se nas experiências práticas para condução dos casos de abortamento. Os residentes em MFC relatam discussões sobre o tema e suas conexões com questões de gênero. O conhecimento clínico, o desenvolvimento de habilidades e técnicas e a maior inserção da abordagem de gênero na formação se revelam fundamentais para o exercício do cuidado integral às mulheres em processo de abortamento.(AU)
Abortion is a major public health issue that cuts across various specialities. This study focused on abortion care and its relatioship with the training received in Gynecology and Obstetrics and Family and Community Medicine by residents of two public Colleges in Sao Paulo. A qualitative research design was adopted consisting of the administration of in-depth interviews with 13 residents. The obstetrics and gynaecology residents reported that they relied on practical experience to provide abortion care, while the family and community medicine residents recounted that they discussed the theme and its connection with gender isssues. Clinical knowledge, the devlopment of skills and techniques, and adopting a gender-sensitive approach in training were revealed to be vital components of comprehensive abortion care.(AU)
El aborto es un tema importante bajo la perspectiva de la salud pública y está presente en la práctica de diversas especialidades. Enfocamos la asistencia a procesos de aborto y su relación con la formación recibida en Ginecología y Obstetricia (GO) y Medicina de Familia y Comunidad (MFC), de residentes de dos facultades públicas de São Paulo. El estudio siguió la metodología cualitativa y la producción de los datos empíricos se rigió por la técnica de entrevista en profundidad (13 residentes). Los residentes de GO relatan que se rigen por las experiencias prácticas para la dirección de los casos de aborto. Los residentes de MFC relatan discusiones sobre el tema y sus vínculos con cuestiones de género. El conocimiento clínico, el desarrollo de habilidades y técnicas y la mayor inserción del abordaje de género en la formación se revelan como fundamentales para el ejercicio del cuidado integral a las mujeres en proceso de aborto.(AU)
RESUMEN
Em uma perspectiva sócio-histórica, o artigo discute a problematização da questão racial realizada pelo saber psiquiátrico pela análise da produção científica do Hospício do Juquery, e de sua forma de operação cotidiana pelo registro de suas práticas asilares. O período estudado, de 1898 a 1920, compreende a criação da instituição e gestão de Franco da Rocha, seu fundador, momento em que ganha corpo o debate sobre o homem livre e sua significação na formação nacional. As fontes do texto são os prontuários médicos da população internada, os registros e a produção científica da instituição no período enfocado.(AU)
Based on a socio-historical perspective, the present article discusses the problematization of the race issue in psychiatric knowledge by analyzing the scientific production developed by the Hospice of Juquery and its daily operations, through access to records of its asylum practices. The studied period, 1898 to 1920, includes the creation of the institution and its management under Franco da Rocha, its founder, a time when the debate about the free man and its significance to the nation's formation began to take shape. The source text was extracted from the clinical medical histories of inpatients, as well as the records and scientific production developed by the institution during the studied period.(AU)
En una perspectiva sociohistórica, el artículo discute la problematización de la cuestión racial realizada por el saber psiquiátrico por el análisis de la producción científica del manicomio de Juquery y de su forma de operación cotidiana por el registro de sus prácticas de asilo. El período estudiado, de 1898 a 1920, incluye la creación de la institución y gestión de Franco da Rocha, su fundador, momento en el que adquiere cuerpo el debate sobre el hombre libre y su significación en la formación nacional. Las fuentes de texto son las fichas médicas de la población internada, los registros y la producción científica de la institución en el período de estudio.(AU)
Asunto(s)
Humanos , Salud Mental , Población Negra/etnología , Racismo/etnología , Hospitales PsiquiátricosRESUMEN
The relationship between science, technology and capital, which are intrinsic to Reproductive Technologies (RT), makes them a possibility of reproductive choice and an alternative for lesbians who wish to have children. The article seeks to reflect on the projects formulated based on the statements of lesbian couples who had used or had plans to use RT. Interviews were conducted with eight couples of women with ages between 26 and 45, all self-declared Caucasians, who had completed higher education and were living in the Greater São Paulo region between 2010 and 2011. The results reveal the preference of the respondents for donor sperm originating from a sperm bank and also the importance placed on information on the family history of health of the donor. A noteworthy finding is the interest in importing from an American sperm bank, because of an alleged limited availability of samples in Brazil and the fact that they provide more information about the donors. Thus, while RT enable non-biological parenting, genetics is considered important thereby contributing to the medicalization of parenthood.
A relação entre ciência, tecnologia e capital, intrínseca às Tecnologias Reprodutivas (TR), torna estas uma possibilidade de escolha reprodutiva e uma alternativa para lésbicas que querem ter filhos. O artigo se propõe a refletir sobre os projetos formulados a partir dos depoimentos de casais de lésbicas que utilizaram ou que tinham planos de utilizar as TR. Foram entrevistados oito casais de mulheres com idade entre 26 e 45 anos, todas autodeclaradas brancas e com nível superior completo, residentes na Grande São Paulo/SP, entre 2010-2011. Os resultados revelam a preferência das entrevistadas pelo doador proveniente de banco de esperma e também a valorização da informação sobre o histórico familiar de saúde do doador. Destaca-se o interesse pela importação de sêmen de banco americano, em razão de uma alegada pouca disponibilidade de amostras no Brasil e por ele conter mais informações sobre os doadores. Assim, ao mesmo tempo que as TR possibilitam uma parentalidade não biológica, a genética é valorizada concorrendo para uma medicalização do parentesco.