RESUMEN
ABSTRACT: We investigated the association between job stress, as assessed by the effort-reward imbalance model, and the incidence of chronic low back pain (CLBP) over a 4-year period. A total of 1733 participants from the ELSA-Brasil Musculoskeletal cohort, who were free from LBP at baseline (2012-2014), were included. Episodes of LBP in the past 30 days, intensity, and the presence of disability were investigated in annual telephone follow-ups (2015-2018). Chronic LBP was defined as episodes of LBP lasting >3 months with at least moderate intensity. We analyzed the incidence of at least one episode of CLBP (yes/no), the number of CLBP episodes (0, 1, ≥2), and CLBP severity/disability (absent, nondisabling, severe/disabling). The association between these outcomes and tertiles of the effort-to-reward ratio, as well as each dimension of the effort-reward imbalance model, was investigated using multinomial logistic and Poisson regression models adjusting for sociodemographic and occupational variables. The cumulative incidence of CLBP over 4 years was 24.8%. High effort-reward imbalance increased the chances of experiencing multiple CLBP episodes and severe/disabling CLBP by 67% (95% confidence interval [CI]: 1.12-2.47) and 70% (95% CI: 1.14-2.53), respectively. High overcommitment increased the incidence of CLBP by 23% (95% CI: 1.01-1.50) and the chances of multiple CLBP episodes and severe/disabling CLBP by 67% (95% CI: 1.11-2.50) and 57% (95% CI: 1.05-2.34), respectively. These results indicate that exposure to job stress is associated with a higher incidence, a greater number of episodes, and increased severity of CLBP over a 4-year period. If this association is causal, measures aimed at reducing exposure to job stress are likely to alleviate the burden of CLBP.
Asunto(s)
Dolor Crónico , Dolor de la Región Lumbar , Estrés Laboral , Humanos , Dolor de la Región Lumbar/epidemiología , Dolor de la Región Lumbar/psicología , Masculino , Femenino , Incidencia , Persona de Mediana Edad , Estudios de Seguimiento , Brasil/epidemiología , Estrés Laboral/epidemiología , Estrés Laboral/psicología , Adulto , Dolor Crónico/epidemiología , Dolor Crónico/psicología , Estudios de Cohortes , Índice de Severidad de la Enfermedad , AncianoRESUMEN
INTRODUÇÃO: A dor lombar é principal causa de anos vividos com incapacidade em todo o mundo e consiste no local de dor musculoesquelética mais incapacitante. Estima-se que aproximadamente 70% dos anos vividos com incapacidade associados à dor lombar ocorram em pessoas em idade produtiva (20-65 anos) e é possível que a exposição ao estresse no trabalho possa explicar pelo menos parcialmente a maior carga de dor lombar crônica (DLC) nesse grupo populacional. Porém, essa hipótese não foi verificada por estudo longitudinal. OBJETIVOS: Investigar a associação entre o estresse no trabalho, segundo o modelo de desequilíbrio esforço-recompensa (ERI do inglês effort-reward imbalance), e a incidência acumulada de DLC em 4 anos de seguimento, considerando o número de episódios de dor no período e a intensidade e/ou incapacidade relacionada a dor. MÉTODOS: Trata-se de estudo longitudinal com seguimento de três anos da coorte do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto - Musculoesquelético (ELSA-Brasil MSK). Dados da linha de base (2012-2014) e das três primeiras entrevistas anuais telefônicas foram utilizados. Foram incluídos 1733 participantes sem DLC (duração >6 meses) no ano anterior à inclusão na coorte, com informação para a escala ERI na linha de base do ELSA-Brasil MSK e para DLC nos três seguimentos telefônicos anuais. Nos seguimentos, a DLC foi definida pela presença no último mês de dor lombar com intensidade moderada/grave/muito grave e duração >3 meses. O presente estudo teve três variáveis resposta: 1) Incidência acumulada de DLC (sim/não); 2) Número de episódios de DLC (0, 1, ≥2 episódios); 3) Incidência acumulada de DLC segundo intensidade/incapacidade (ausente/muito leve/leve; moderada; grave/muito grave e/ou incapacitante). O estresse no trabalho foi avaliado pela versão longa da escala ERI. Dessa forma, as variáveis explicativas de interesse foram: o desequilibro esforço-recompensa, avaliado pela razão esforço/recompensa, e cada dimensão da escala ERI (esforço, recompensa e comprometimento excessivo) separadamente. Todas as dimensões foram categorizadas em tercis de suas distribuições. Foi utilizado o diagrama causal (Direct Acyclic Graph DAG) como instrumento auxiliar na definição das variáveis a serem consideradas nos ajustes dos modelos que considerou o conhecimento prévio acerca dos fatores de risco comuns ao estresse no trabalho e dor lombar disponíveis na literatura. Dessa forma, foram consideradas para ajustes variáveis sociodemográficas [idade (em anos); sexo; raça/cor (branca/amarela, parda, preta/indígena) e escolaridade (superior completo; médio completo; fundamental - completo/incompleto] e características da ocupação [natureza da ocupação (não manual não rotineira, não manual rotineira e manual) e turno de trabalho (apenas diurno, noturno ou misto)]. A estimativa para as associações entre cada uma das variáveis de estresse no trabalho e a incidência acumulada de DLC foram feitas através dos modelos de regressão de Poisson. As associações das variáveis de estresse no trabalho com o número de episódios de DLC e com a incidência acumulada de DLC segundo intensidade/incapacidade foram investigadas por meio de modelos de regressão logística multinominal, por se tratar de variáveis com três categorias. RESULTADOS: A incidência acumulada de DLC em 4 anos de seguimento foi de 24,8%. Menor recompensa (1º versus 3º tercis; RR=1,24; IC95%=1,01-1,54) e alto comprometimento excessivo (3º versus 1º tercis; RR=1,23; IC95%=1,01-1,50) foram associadas a maior incidência de DLC. Do total de participantes, 10,7% reportaram múltiplos episódios de DLC (≥2 episódios). Alto esforço (3º versus 1º tercis; OR=1,48; IC95%=1,02-2,15), alta razão esforço/recompensa (3º versus 1º tercis; OR=1,67; IC95%=1,12-2,47) e alto comprometimento excessivo (3º versus 1º tercis; OR=1,67; IC=1,11-2,50) estiveram associados a maior chance de múltiplos episódios de DLC. A DLC grave/incapacitante foi reportada por 9,92% dos participantes. Menor recompensa (1º versus 3º tercis; OR=1,58; IC95%=1,02-2,44), alta razão esforço/recompensa (3º versus 1º tercis; OR=1,70; IC95%=1,14-2,53), e alto comprometimento excessivo (3º versus 1º tercis; OR=1,57; IC95%=0,5-2,34), foram independentemente associados à incidência acumulada de DLC grave/incapacitante. CONCLUSÃO: Os resultados demostraram que o estresse no trabalho, especialmente o alto comprometimento excessivo, foi associado a maior risco de DLC, maior risco de múltiplos episódios de DLC e maior risco de quadros de DLC grave e/ou incapacitante após 4 anos de seguimento. Os resultados desse estudo sugerem que medidas que atenuem a exposição ao estresse no trabalho possivelmente reduzirão a carga de DLC.
INTRODUCTION: Low back pain is the main cause of years lived with disability worldwide and is the most disabling musculoskeletal pain site. It is estimated that approximately 70% of the years lived with disability associated with low back pain occur in people of working age (20-65 years) and it is possible that exposure to work stress may at least partially explain the greater burden of chronic low back pain. (CLBP) in this population group. However, this hypothesis was not verified by a longitudinal study. OBJECTIVES: To investigate the association between stress at work, according to the effort-reward imbalance model (ERI), and the cumulative incidence of CLBP in 4 years of follow-up, considering the number of episodes of pain in the period and the intensity and/or disability of the pain. METHODS: This is a longitudinal study with a three-year follow-up of the cohort of the Longitudinal Study of Adult Health - Musculoskeletal (ELSA-Brasil MSK). Baseline data (2012-2014) and the first three annual telephone interviews were used. A total of 1733 participants without CLBP (lasting >6 months) in the year prior to inclusion in the cohort were included, with information for the ERI scale at baseline of the ELSA-Brasil MSK and for CLBP in the three annual telephone follow-ups. In the follow-ups, CLBP was defined by the presence of low back pain with moderate/severe/very severe intensity and duration >3 months in the last month. The present study had three response variables: 1) Accumulated incidence of CLD (yes/no); 2) Number of CLBP episodes (0, 1, ≥2 episodes); 3) Accumulated incidence of CLD according to intensity/disability (absent/very mild/mild; moderate; severe/very severe and/or disabling). Stress at work was assessed using the long version of the ERI questionnaire. Thus, the explanatory variables of interest were: the effort-reward imbalance, assessed by the effort/reward ratio, and each dimension of the ERI scale (effort, reward and overcommitment) separately. All dimensions were categorized into tertiles of their distributions. We used the causal diagram (Direct Acyclic Graph - DAG) as an auxiliary instrument in defining the variables to be considered in the adjustments of the models that considered prior knowledge about common risk factors for stress at work and low back pain available in the literature. Thus, sociodemographic variables [age (in years); sex; race/color (white/yellow, brown, black/indigenous) and schooling (complete higher education; complete high school; elementary school - complete/incomplete) and occupation characteristics [nature of occupation (non-routine non-manual, non-routine manual and manual) and work shift (only day, night or mixed)]. The estimation for the associations between each of the variables of stress at work and the cumulative incidence of CLBP were made using Poisson regression models. The associations of stress at work variables with the number of CLBP episodes and with the cumulative incidence of CLBP according to intensity/disability were investigated using multinomial logistic regression models, as these are variables with three categories. RESULTS: The cumulative incidence of CLBP in 4 years of follow-up was 24.8%. Lower reward (1st versus 3rd tertiles; RR=1.24; 95%CI=1.01-1.54) and greater overcommitment (3rd versus 1st tertiles; RR=1.23; 95%CI=1.01-1, 50) were associated with a higher incidence of CLBP. Of the total participants, 10.7% reported multiple episodes of CLBP (≥2 episodes). Greater effort (3rd versus 1st tertiles; OR=1.48; 95%CI=1.02-2.15), greater effort/reward ratio (3rd versus 1st tertiles; OR=1.67; 95%CI=1.12- 2.47) and greater overcommitment (3rd versus 1st tertiles; OR=1.67; CI=1.11-2.50) were associated with a greater chance of having multiple CLBP episodes. Severe/disabling CLBP was reported by 9.92% of participants. Lower reward (1st versus 3rd tertiles; OR=1.58; 95%CI=1.02-2.44), higher effort/reward ratio (3rd versus 1st tertiles; OR=1.70; 95%CI=1.14- 2.53), and greater overcommitment (3rd versus 1st tertiles; OR=1.57; 95%CI=0.5-2.34), were independently associated with the cumulative incidence of severe/disabling CLBP. CONCLUSION: The results showed that stress at work, especially greater overcommitment, was associated with a higher risk of CLBP, higher risk of multiple CLBP episodes, and higher risk of severe and/or disabling CLBP after 4 years of follow-up. It is suggested that measures that mitigate exposure to stress at work will possibly reduce the burden of CLBP.