RESUMEN
O implante de células para o tratamento de doenças cardiovasculares encontra-se sob investigação em vários centros no mundo. Várias linhagens celulares, de células-tronco bem caracterizadas a frações contendo diferentes tipos de células, têm sido investigadas em modelos animais. Apesar dos avanços obtidos na última década, na área de ciência básica, com relação a esta nova modalidade terapêutica, diversas questões permanecem sem resposta. Pouco ainda se sabe sobre os mecanismos através dos quais a terapia celular possa gerar resultados efetivos. Adicionalmente, a melhor via para o transplante, o número total e a concentração de células, e o melhor tipo celular permanecem questões importantes, ainda sem definição. É fato de que diversas células da medula óssea exercem seus efeitos através de mecanismos parácrinos e de que existe um complexo mecanismo de interação, contato e liberação de sinais entre essas células e as outras populações celulares nos órgãos lesados. Atualmente, a maioria dos estudos em humanos se concentra em células de origem adulta e autóloga, em oposição ao uso de células de origem embrionária. Esta revisão analisa os principais ensaios clínicos que utilizaram células derivadas de medula óssea em quatro cardiopatias: doença arterial coronariana aguda e crônica, e nas cardiomiopatias chagásica e dilatada. Os resultados desses estudos demonstram que o procedimento é seguro e exequível, e potencialmente eficaz. Inquestionavelmente, mais estudos pré-clínicos e clínicos são necessários para acessar o real potencial benefício desse novo modelo terapêutico.
Cell transplantation for the treatment of cardiovascular diseases is being investigated in many centers throughout the world. Various cell lines, from well characterized stem cells to cell fractions containing different types of cells, have been investigated in animal models. Despite progress in the basic research of this new therapy obtained over the last decade, many questions remain unanswered. We still know very little about the mechanisms of action that may lead to positive results after cell therapy. Additionally, the best route for cell transplantation, the best number and concentration of cells and the best cell type for transplant remain important questions that are still undefined. It is a fact that many bone marrow cells exert their effects through paracrine mechanisms, and that a complex mechanism of interaction, contact and signal release exists between these cells and other cell populations in damaged organs. Currently the majority of human studies are focused on the use of adult and autologous cells in contrast to the use of embryonic cells. This review describes the main clinical trials that have been performed using bone marrow-derived cells in the setting of four distinct heart diseases: acute and chronic ischemic heart disease and chagasic and dilated cardiomyopathies. Results from these studies demonstrate the procedure to be safe and feasible, and potentially efficacious. Undoubtedly more pre-clinical and clinical studies are necessary to assess the real potential benefit of this new therapeutic model.