RESUMEN
INTRODUÇÃO: A digoxina é um medicamento da classe dos digitálicos responsável em aumentar a força contrátil miocárdica, melhorando a fração de ejeção (FEVE) do ventrículo esquerdo naqueles pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr). No contexto de ICFEr, a digoxina não tem papel na redução de mortalidade, porém é capaz de reduzir internações relacionadas a descompensação de insuficiência cardíaca. Por ser uma medicação que não é responsável por reduzir a mortalidade e apresentar riscos de intoxicação, passa a ser subutilizada. DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente, sexo feminino, 28 anos, sem comorbidades prévias, internada por quadro de dispneia aos mínimos esforços de início há 4 meses, dispneia paroxística noturna, edema de membros inferiores e ascite, evoluiu em estado grave, realizado ecocardiograma transtorácico, o qual evidenciou FEVE 21% e sinais de miocardiopatia dilatada sem etiologia definida, clinicamente apresentando sinais de baixo débito. Paciente fez uso de doses crescentes de dobutamina e furosemida, com baixa resposta, optado por instalar balão intra-aórtico, o qual fez uso por 11 dias. Durante sua internação, foi otimizada terapia para ICFEr, porém paciente apresentou falha em desmame de dobutamina. Nesse contexto, paciente teve indicação de cuidados paliativos devido à refratariedade terapêutica e contraindicação ao transplante cardíaco, necessitou de morfina e midazolam em bomba infusão contínua. Após otimização medicamentosa com vasodilatadores, optou-se por iniciar digoxina 0,125mg/dia. Assim, paciente evoluiu com desmame de dobutamina em 5 dias após início de digoxina e melhora sintomática, com ausência de sinais de baixo débito, edema de membros inferiores e dispneia, recebendo alta hospitalar. CONCLUSÃO: Relatamos um caso de ICFEr com difícil desmame de inotrópicos, evoluindo em estado grave, com proposta de seguir tratamento paliativo. Porém, ao ser introduzido a digoxina com proposta de melhorar atividade inotrópica, paciente teve melhora progressiva de sintomas, possibilitando alta hospitalar. O presente relato visa levantar discussão do uso da digoxina em pacientes com insuficiência cardíaca avançada como meio de auxiliar em desmame de dobutamina, possibilitando alta hospitalar
Asunto(s)
Humanos , Femenino , Adulto , Insuficiencia Cardíaca SistólicaRESUMEN
INTRODUÇÃO Os mixomas são tumores primários cardíacos correspondendo em sua grande maioria de natureza benigna e de constituição sólida, sendo a prevalência mais comum no lado esquerdo (75 a 80% dos casos), com predomínio no sexo feminino. Apesar da histogênese mais comum ser benigna deve-se prosseguir com exérese precoce devido às possíveis complicações, em especial morte súbita e acidentes vasculares. O ecocardiograma é o exame diagnóstico de escolha pois caracteriza tamanho, localização e mobilidade da tumoração assim como a capacidade de obstrução e/ou de formação de êmbolos. Outra opção é a ressonância magnética cardíaca pois além das características anatômicas nos fornece dados de características do microambiente do tumor. DESCRIÇÃO DO CASO Paciente do sexo feminino, 40 anos, proveniente de São Paulo (SP). Deu entrada neste Serviço referenciada de hospital secundário com história de palpitações em precórdio associada a dispneia e astenia intensa com duração de 20 minutos há cerca de 3 meses. Nega queixas durante o período interepisódio assim como nega dor torácica. Como antecedentes patológicos possui fibrilação atrial (FA) paroxística com controle de frequência cardíaca com propranolol 40mg/dia e hipertensão arterial sistêmica (HAS) em uso de losartana 50mg/dia. Nega internações prévios devido o quadro supracitado. Em ECOTT realizado no serviço de origem presença de imagem hiperecoica, homogênea, aderida ao septo interatrial em átrio esquerdo medindo em seus maiores diâmetros aproximadamente 2,6x2,2cm sugestiva de mixoma atrial esquerdo. Prosseguindo investigação realizou novo ECOTT no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC) onde observou-se imagem sugestiva de linha de dissecção que se inicia logo após a emergência da artéria subclávia esquerda que se estende até a aorta abdominal proximal. Atualmente recebendo propranolol 40mg/dia e losartana 50mg/dia, evoluindo com bons controles pressóricos e frequência cardíaca sendo programado a exérese de mixoma localizado em atrial esquerdo pela equipe do miocárdio do IDPC e posterior acompanhamento no ambulatório da equipe. CONCLUSÃO Apesar de se tratar de tumores raros e possuírem histologia benigna, os mixomas devem ser investigados e prosseguir com ressecção tumoral com brevidade, devido aos riscos de embolização. Idealmente a investigação deve ser iniciada com o ecocardiograma, seja o transesofágico ou transtorácico, como foi no caso relatado acima onde flagrou-se o mixoma em átrio esquerdo.
Asunto(s)
Humanos , Femenino , Adulto , Atrios Cardíacos , Mixoma , Fibrilación Atrial , Dolor en el Pecho , Espectroscopía de Resonancia Magnética , Muerte Súbita , Disección , DisneaRESUMEN
INTRODUÇÃO A endomiocardiofibrose (EMF) é uma cardiomiopatia restritiva, caracterizada por envolvimento fibrótico do endocárdio e miocárdio normalmente na região apical, levando a disfunção diastólica, porém, preservando função sistólica. É uma doença de etiologia desconhecida e ainda muito relacionada a países subdesenvolvidos com forte relação às síndromes hipereosinofilicas. Seu diagnóstico pode ser aventado através do ecodopplercardiograma e ressonância magnética cardíaca, podendo muitas vezes ser confundida com trombo em região apical ventricular. DESCRIÇÃO DO CASO Paciente de 38 anos, feminina, proveniente de São Paulo capital. Relata internação anterior há 4 meses em serviço externo por quadro de dor torácica com alteração de enzimas cardíacas, porém, sem evidência de coronariopatia isquêmica na Cinecoronariografia. Evidenciado em ecocardiograma transtorácico (ECOTT) uma hipertrofia excêntrica do ventrículo esquerdo (VE) com imagem hiperecogênica em região apical de 19mm podendo corresponder a trombo. Prosseguindo a investigação, realizada uma ressonância magnética cardíaca descrevendo trombo aderido à parede do ventrículo esquerdo, medindo 2,3 cm, além de hipocinesia dos segmentos apicais e realce miocárdico tardio subendocárdico não transmural nos segmentos apicais. A mesma comparece ao serviço com novo episódio de dispneia e dor precordial, agora com sinais de hipervolemia e hipereosinofilia (>1500). Em novo ECOTT realizado evidenciou-se aumento biatrial, disfunção sistólica do ventrículo direito, hipertensão pulmonar, refluxo de grau importante em valva mitral e tricúspide associado a uma obliteração do ápice em parede endocárdica até base do VE, poupando demais paredes, sugestivo de EMF. Com base nos exames iniciais, configurou-se o diagnóstico de EMF pela ressonância magnética e sua correlação com hipereosinofilia. Dessa forma, após o diagnóstico a paciente evolui com melhora clínica e seguirá tratamento em ambulatório do miocárdio. CONCLUSÕES Relatamos um caso de EMF associada a hipereosinofilia ainda em investigação etiológica. O caso supracitado traz uma paciente jovem proveniente de um país em desenvolvimento com diagnóstico de uma doença ainda pouco compreendida e de difícil diagnóstico, podendo muitas vezes passar-se como um trombo em região apical cardíaca, gerando subdiagnósticos e manejo incorreto.