RESUMEN
Resumo Neste ensaio teórico acerca dos desmontes da política nacional de saúde mental entre os anos de 2016 e 2022, objetivamos discutir sobre a formação em saúde mental pelas residências multiprofissionais neste contexto de contrarreforma psiquiátrica. Abordamos as alterações na Política Nacional de Saúde Mental, a análise sobre os Programas de Residência Multiprofissional em Saúde desde seus proponentes, os impasses na formação em Saúde Mental e a defesa do paradigma psicossocial na formação em saúde mental. Problematizamos que esse período significou um grave retrocesso da Política Nacional de Saúde Mental, impactando na continuidade e no fortalecimento das estratégias de formação em saúde mental em diálogo com a luta antimanicomial, produzindo tensionamentos com a atenção psicossocial, norteadora da formação no Sistema Único de Saúde. Analisamos que a política e a formação em saúde mental envolvem interesses corporativistas e mercadológicos em constante disputa com o paradigma psicossocial, inserindo-se em um processo dialético na luta por hegemonia. Concluímos que olhar sobre este ponto de vista possibilita compreender o papel estratégico da formação em saúde mental na efetivação da Reforma Psiquiátrica brasileira, tendo como norte a desinstitucionalização na perspectiva da desconstrução de como a sociedade lida com a loucura e a diversidade.
Abstract In this theoretical essay on the about the dismantling of the national mental health policy between 2016 and 2022, we aim to discuss training in mental health with multidisciplinary residencies in this context of psychiatric counter-reform. We address the changes in the National Mental Health Policy, the analysis of the Multiprofessional Residency Programs in Health since their proponents, the impasses in Mental Health training, and the defense of the psychosocial paradigm in mental health training. We problematize that this period meant a serious setback of the National Mental Health Policy, impacting the continuity and strengthening of mental health training strategies in dialogue with the anti-asylum struggle, producing tensions with psychosocial care, which guides training in the Brazilian National Health System. We analyze that politics and training in mental health involve corporatist and market interests in constant dispute with the psychosocial paradigm, inserting themselves in a dialectical process in the struggle for hegemony. We conclude that looking at it from this point of view makes it possible to understand the strategic role of training in mental health in the implementation of the Brazilian Psychiatric Reform, with deinstitutionalization as its guideline in the perspective of deconstruction of how society deals with madness and diversity.
Asunto(s)
Desarrollo de PersonalRESUMEN
Este artigo é produto de uma pesquisa sobre o cuidado em saúde mental em uma Unidade Integrada de Saúde da Família (USF) do município de João Pessoa-PB. Ela ocorreu no segundo semestre de 2015 e utilizou a cartografia como dispositivo para o rastreamento de acontecimentos, afetos e encontros que servissem de analisadores para a produção desse cuidado. Suas micronarrativas foram produzidas através de consultas individuais, reuniões de equipe e visitas domiciliares, que foram debatidas em discussões coletivas e registradas em diários de campo. Sua síntese se dá aqui, na Narrativa em Quatro Atos de um Acontecimento do Cuidado produzido, significado e capturado por todos os envolvidos na pesquisa. Discutem-se, através dela, as potencialidades da atenção básica na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e os ainda persistentes equívocos da centralidade do saber-poder psiquiátrico na reprodução de práticas manicomiais. Conclui-se, assim, que a imersão num território afetivo-existencial amplia e enriquece de potencialidades tanto a produção do cuidado quanto a pesquisa em saúde.(AU)
This article is the product of a research on mental health care in a Family Health Integrated Unit (USF) in the city of João Pessoa-PB. It occurred in the second half of 2015 and used cartography as a device for tracking events, affections and encounters serving as analyzers for the production of this care. Its micronarratives were produced by individual consultations, team meetings and home visits, which were debated on collective discussions and registered in a field diary. Its synthesis is given here, in a Narrative in Four Acts of a Care Occurrence produced, meant and captured by all those involved in the research. It is discussed, through it, the potential of Primary Care in Psychosocial Care Network (RAPS) and the still persistent misconceptions of the centrality of psychiatric knowledge-power in the reproduction of madhouse practices. It is concluded that immersion in an affective-existential territory expands and enriches both the production of care and health research.(AU)
Este artículo es producto de una investigación sobre la atención a la salud mental en una Unidad Integrada de Salud Familiar (USF) en la ciudad de João Pessoa-PB. Ocurrió en el segundo semestre de 2015 y utilizó la cartografía como dispositivo de seguimiento de eventos, afectos y encuentros que sirvieron de analizadores para la producción de este cuidado. Sus micronarrativas se produjeron a través de consultas individuales, reuniones de equipo y visitas domiciliarias, que se debatieron en discusiones colectivas y se registraron en diarios de campo. Su síntesis tiene lugar aquí, en la Narrativa de Cuatro Actos de un Evento de Cuidado producido, significado y plasmado por todos los involucrados en la investigación. Se discute, a través de él, el potencial de la atención primaria en la Red de Atención Psicosocial (RAPS) y los conceptos erróneos aún persistentes sobre la centralidad del conocimiento-poder psiquiátrico en la reproducción de las prácticas de asilo. Así, se puede ver que la inmersión en un territorio afectivo-existencial expande y enriquece tanto la producción de cuidados como la investigación en salud.(AU)
Asunto(s)
Humanos , Atención Primaria de Salud , Estrategias de Salud Nacionales , Salud Mental , Servicios de Salud MentalRESUMEN
Resumo Introdução A terapia ocupacional é uma profissão da área de saúde que tem interfaces na educação e no campo social, cujas ações objetivam a participação dos indivíduos em ocupações cotidianas que promovem a construção de sua identidade, saúde e bem-estar. Sendo assim, o terapeuta ocupacional está apto para atuar em diversos pontos de atenção à saúde, dentre eles a Atenção Básica à Saúde. Nesse sentido, é importante que os gestores conheçam os profissionais, suas particularidades e a função que desempenham em cada equipe e serviço de saúde. O reconhecimento e valorização dos papéis desenvolvidos no âmbito da Atenção Básica por esses atores facilita o desenvolvimento de ações adequadas para cada coletivo em suas especificidades culturais. Objetivo Descrever a percepção dos gestores de saúde da Atenção Básica à Saúde acerca da atuação e inserção da terapia ocupacional. Método Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória de abordagem qualitativa, que foi realizada na Secretaria Municipal de Saúde e nos cinco Distritos Sanitários distribuídos no território de João Pessoa-PB, com gestores ligados à Atenção Básica no período de junho a agosto de 2018. Foi utilizada uma entrevista semiestruturada pelos pesquisadores e os dados foram analisados por meio da técnica de Análise do Conteúdo. Resultados Participaram da pesquisa 18 gestores, de ambos os sexos. Percebe-se que os gestores compreendem que a terapia ocupacional está voltada para as atividades cotidianas dos sujeitos, para a adaptação de utensílios, mas a confundem com a fisioterapia. Quanto à contratação, referem que a mesma se dá por meio de seleção de currículo e entrevista, havendo influência de indicações políticas. Conclusão Assim, devem ser ampliadas as discussões sobre a terapia ocupacional chegando até os espaços de gestão, no sentido de ampliar o reconhecimento e a inserção da profissão na Atenção Básica à saúde, visando um atendimento mais universal, equânime e integral que responda às necessidades dos usuários.
Abstract Introduction Occupational therapy is a health profession that has interfaces in education and in the social field, whose actions aim at the participation of individuals in everyday occupations that promote the construction of their identity, health and well-being. Accordingly, the occupational therapist is able to act in several health care spots, among them the Primary Health Care. In this sense, it is important that managers know the professionals, their particularities and the role they play in each health staff and facility. The recognition and appreciation of the roles developed in the scope of Primary Health Care by these actors facilitates the development of appropriate actions for each collective in its cultural specificities. Objective To describe the perception of the health managers of the Primary Health Care about the practice and insertion of the occupational therapy. Method This is a qualitative exploratory descriptive research that was carried out in the Municipal Health Department and in the five Health Districts distributed in the territory of João Pessoa-PB, with managers linked to Primary Health Care from June to August 2018. A semistructured interview was used by the researchers and the data were analyzed using the Content Analysis technique. Results 18 managers, of both sexes, participated in the study. It is noticed that the managers understand that the occupational therapy is directed to the daily activities of the subjects, for the adaptation of utensils, but they confuse it with physiotherapy. Regarding hiring, they mention that it is done through selection of curriculum and interview, there being influence of political indications. Conclusion Thus, discussions on occupational therapy should be broadened to reach management spaces in order to broaden the recognition and insertion of the profession in Primary Health Care level, aiming at a more universal, equitable and integral service that responds to the users' needs.
RESUMEN
RESUMO O estudo problematiza o lugar das famílias na produção do cuidado em saúde mental. De caráter qualitativo, foi desenvolvido a partir da produção de narrativas e vivências em um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), tipo III, de João Pessoa-PB, entre fevereiro e novembro de 2015. Os pesquisadores acompanharam a produção de cuidado para um usuário denominado 'o Capoeirista'. A partir de então, produziram-se novas visibilidades para a família na produção do cuidado: 1. Família como espaço de disputa de plano de cuidado; 2. Família que também precisa ser cuidada; e 3. Família como parte da vida social do usuário. Nesse sentido, o Caps precisa redefinir o perfil do seu usuário, extrapolando do âmbito individual para o familiar.
ABSTRACT The study rise questions about the place of families in the production of mental health care. Of qualitative character, it was developed from the production of narratives and experiences in a Psychosocial Care Center (Caps), type III, of João Pessoa-PB, between February and November of 2015. The researchers followed the production of care for a user called 'the Capoeirista'. Since then, new visibilities have been produced for the family in the production of care: 1. Family as a space for a care plan dispute; 2. Family that also needs to be cared for; and 3. Family as part of the user's social life. In this sense, Caps needs to re-define the profile of its user, extrapolating from the individual to the familiar.
RESUMEN
O artigo traz algumas problematizações sobre os desafios da desinstitucionalização no cuidado em saúde mental a partir de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de João Pessoa, Brasil. O percurso metodológico se deu no cotidiano do serviço, no qual os pesquisadores participavam das reuniões de equipe e acompanhavam a produção do cuidado dentro e fora do CAPS. No processo de educação permanente junto à equipe do CAPS, foi possível produzir visibilidade a três movimentos: a invisibilidade do território vivo na produção das redes de cuidado; a necessidade do matriciamento como articulador das ações do CAPS e a atenção básica; e os impasses para a desinstitucionalização da vida. No entanto, apostamos que, no movimento de abrir-se ao mundo vivo da cidade, a saúde mental consiga produzir cuidados para além do sofrimento psíquico, se ocupando com a produção de vida das pessoas.(AU)
The paper puts forward a problematization on the challenges of deinstitutionalization of mental health care from a Psychosocial Care Center (CAPS) in João Pessoa, Brazil. The methodological approach was built in the day-by-day of the service, in which researchers participated in team meetings and accompanied the production of care within and outside the CAPS. In this continuing education process with the CAPS team it has been possible to visualize three movements: The invisibility of the "living territory" in the production on the care networks; the need for matrix support as an articulator of actions of CAPS and primary care, and the deadlocks for deinstitutionalization of life. Finally, we trust that along the movement of opening to the living world of the city, the mental health care could produce care beyond the psychological distress, engaging with the production of life.(AU)
El artículo presenta algunas problematizaciones sobre los desafíos de la desinstitucionalización en el cuidado de salud mental con base en un Centro de Atención Psicosocial (CAPS) de João Pessoa, Brasil. La dirección metodológica fue dada en el cotidiano del servicio, en el cual los investigadores participaban en las reuniones de equipo y acompañaban la producción del cuidado dentro y fuera del CAPS. En el proceso de educación permanente, juntamente con el equipo del CAPS, fue posible proporcionar visibilidad a tres movimientos: la invisibilidad del territorio vivo en la producción de las redes de cuidado, la necesidad de la organización matricial como articuladora de las acciones del CAPS y la atención básica y, por último, los callejones sin salida para la desinstitucionalización de la vida. Sin embargo, nuestra apuesta fue en el sentido de que en el movimiento de abrirse al mundo vivo de la ciudad, la salud mental consiga producir cuidados que vayan más allá del sufrimiento síquico, ocupándose con la producción de vida de las personas.(AU)