RESUMEN
Resumo A violência doméstica contra a mulher é um problema do campo da saúde, que tem na Estratégia Saúde da Família (ESF) importante via de enfrentamento. Este estudo buscou compreender as práticas de cuidado com esse público, elaboradas por trabalhadores e trabalhadoras da ESF e do Núcleo Ampliado de Saúde da Família. A pesquisa foi marcada pelo advento da pandemia do coronavírus, que impossibilitou a presença no campo. Assim, foram utilizadas a entrevista semiestruturada on-line como principal fonte de dados, e a Análise Temática como estratégia de análise. Observa-se que a construção do cuidado se dá principalmente a partir da valorização das tecnologias leves e dos saberes práticos, que se manifestam principalmente por meio do que os participantes denominam "protocolos intuitivos". O estudo aponta ainda o medo de represálias, a desvinculação de julgamentos morais, a implicação da mulher, o desconhecimento da rede de assistência e a ausência de protocolos como principais desafios a serem superados. Também revela a importância do protagonismo dos saberes elaborados no trabalho vivo em ato para a formulação das estratégias de cuidado, articuladas com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, além da necessidade de novas produções com essa perspectiva.
Abstract Domestic violence against women is a problem in the field of health, which has the Family Health Strategy (ESF) as an important way of coping. This study sought to understand the care practices for this public, elaborated by workers of the ESF and the Expanded Family Health Center. The research was marked by the advent of the coronavirus pandemic, which made it impossible to be present in the field, thus, the online semi-structured interview was used as the main source of data, and the Thematic Analysis as an analysis strategy. It is observed that the construction of care takes place mainly from the appreciation of light technologies and practical knowledge, which are manifested mainly through what the participants call "intuitive protocols". The study also points out the fear of reprisals, the disengagement of moral judgments, the implication of the woman, the lack of knowledge about the assistance network and the absence of protocols as the main challenges to be overcome. It also reveals the importance of the protagonism of the knowledge elaborated in the live work in action for the formulation of care strategies, articulated with the National Policy of Integral Attention to Women's Health, in addition to the need for new productions with this perspective.